No final da tarde do dia 27 de janeiro, recebemos por e-mail, do Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos, a sentença sobre o uso de bandeiras com mastros de bambu nos jogos do Mixto Esporte Clube. Infelizmente, além de negar o pedido, a decisão também rejeitou a solicitação de reunião com o Juizado e os órgãos de segurança, que havia sido formalizada anteriormente por meio de ofício. Ou seja, simplesmente não querem nem nos ouvir.
Os principais impedimentos para a liberação dos mastros vieram dos órgãos de segurança pública, que alegam riscos à integridade dos torcedores e à ordem nos estádios. Mas isso nos leva a um questionamento: por que em grandes centros do futebol brasileiro, como Sudeste, Sul e Nordeste, onde há clássicos que levam mais de 30 mil pessoas ao estádio, o uso de mastros é permitido, e aqui em Mato Grosso, com uma média de apenas mil torcedores por jogo, essa prática segue proibida? Isso seria um atestado de falta de preparo dos órgãos de segurança do estado?
A decisão representa mais um duro golpe contra a cultura do torcedor e o espetáculo no futebol estadual. Em um momento em que o futebol de Mato Grosso precisa crescer e se fortalecer, todas as partes envolvidas — clubes, torcidas, autoridades e órgãos de segurança — deveriam caminhar juntas para a evolução do esporte. No entanto, mais uma vez, vemos um retrocesso que não apenas limita a festa das arquibancadas, mas também ignora o diálogo com quem faz o futebol acontecer: o torcedor.
A Torcida Boca Suja sempre deixou claro que sua intenção com os mastros é unicamente festiva, como diz o trecho da própria Lei Geral do Esporte: “não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou similares, para outros fins que não seja o de manifestação festiva e amigável”. No entanto, a decisão judicial se baseia no temor de possíveis atos de violência, citando até mesmo um caso isolado de arremesso de bomba no campo — algo completamente diferente da questão dos mastros e, pior, envolvendo uma pessoa que sequer fazia parte da Torcida Boca Suja.
A proibição generalizada ignora que o problema da violência no futebol não se resolve apenas com vetos, mas sim com diálogo, planejamento e medidas que respeitem tanto a segurança quanto a tradição do esporte. Grandes centros do futebol brasileiro já encontraram formas de permitir os mastros de maneira organizada, sem comprometer a ordem nos estádios.
Sem diálogo, sem construção conjunta e com decisões que apenas afastam o torcedor do estádio, o futebol de Mato Grosso perde a chance de crescer. Afinal, o espetáculo precisa do torcedor para existir — e o torcedor precisa do futebol para sonhar.
A Torcida Boca Suja não desistirá e daqui pra frente essa também será nossa luta. Seguiremos brigando pelos nossos direitos e pela valorização do verdadeiro espetáculo das arquibancadas, porque o futebol pertence ao torcedor.